Saturday, June 28, 2008

os oráculos e os azande

pois ontem eu passei o dia tentando me concentrar pra escrever mas tava difícil. não por falta de vontade, mas o corpo e suas mazelas me aporrinhando. uma cólica dos infernos e os resquícios de uma rinite alérgica que vem me atormentando há mais de uma semana.
mas quando sentei e fui reler o que tinha escrito antes, pra editar, melhorar e escrever mais, dei com o trecho em que falo do evans-pritchard e dos azande. acho esta uma das etnografias mais incríveis que eu já li. e não por conta da escrita e do formato, pois estes seguem aquele modelo clássico mesmo do século XIX. mas pelo modo como este indivíduo encarou a história toda. pois ele foi lá pro meio da áfrica, no meio de um povo que usa de um oráculo que consiste em dar veneno pra um frango lá especial. se o frango morre é uma resposta, se não morre é outra. ele escreve sobre isso, explicando tudinho e, o melhor de tudo, dizendo que depois de morar lá um tempo não só esta história começou a lhe parecer razoável, como ele também começou a fazer uso do oráculo.
amo isso. diz ele, com seu jeito pomposo de antropólogo do século XIX:

I found it strange at first to live among Azande and listen to naïve explanations of misfortunes which, to our minds, have apparent causes, but after a while I learned the idiom of their thought and applied notions of witchcraft as spontaneously as themselves in situations where the concept was relevant.

claro, não dá pra não pensar na minha própria experiência na gringolândia. mas será que aprendi mesmo a usar os oráculos de lá?


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