Sunday, November 30, 2008

triste

tem dias que parece que o mundo caiu na nossa cabeça.
nestas horas o melhor a fazer é dormir. as coisas sempre melhoram depois de uma boa noite de sono.

Saturday, November 29, 2008

lar doce lar


em casa finalmente. e ainda mega cansada da viagem, embora tenha dormido pra burro de ontem pra hoje.
agora é voltar pra realidade. acho que toda e qualquer viagem demora um pouco pra terminar, mesmo depois da volta física. é como se o espírito sempre viesse bem mais devagar do que os aviões.

Tuesday, November 25, 2008

volto já!

tô numa cidadezinha chamada solvang. é pra ser uma cidade dinamarquesa, mas é a coisa mais cafona dos últimos tempos, embra tenha seu charme. mesmo assim é divertido.
acabei de almoçar numa outra cidadezinha chamada los olivos. foi a comida mais deliciosa que eu comi na viagem inteira. chega tô triste de comer tão bem. e de beber também. fomos numa vinícola e eu enchi a cara no wine tasting. bom!
mas a vida boa já vai acabar. chego na sexta no brasil. o regime começa no dia seguinte....
por hora, chove lá fora e aqui tá friozinho e bom.
bem bom.

Thursday, November 20, 2008

caseira

eu sei que vivo dizendo que adoro viajar. e viajo. e adoro viajar mesmo. mas acho que adoro mais ainda a minha casinha. sou uma pessoa mega caseira, daquelas que curte casa e curte ficar em casa tanto quanto eu curto sair e viajar por aí.
sou daquelas que tem tanto prazer em sair e viajar quanto voltar pra casa depois.
aqui tá ótemo. tô curtindo a beça a conferência, revendo um bando de gente, matando as saudades da gringolândia (sim, eu confesso - sinto saudade daqui as vezes). mas tô começando a ficar cansada também. muita coisa, muita gente, muito estímulo...enfim, ando sentindo uma falta da minha casinha....

Tuesday, November 18, 2008

na golden gate

acabei de chegar em san francisco. em grande estilo, pela golden gate. uma lindeza sem fim.
viajar é tããããooo bom. pena que eu tô achando que vai ser a última vez, ou a penúltima.
de qualquer forma estou curtindo horrores. e não tenho parado um minuto.
no mais, eu AMO san francisco!

Tuesday, November 11, 2008

é hoje!

o que eu mais tô adorando nesta viagem é que é curtinha. assim dá pra curtir bastante sem encher o saco e sem morrer de saudade do povo daqui.
e ainda dá tempo pra matar a saudade do povo de lá!

Monday, November 10, 2008

nó na garganta

desde ontem que eu tô com um aperto esquisito no peito. e o pior é que nem sei o que é.
tomara que seja só o peso da carne do churrasco que fizemos ontem pra celebrar a vitória do obama.
ou talvez a expectativa da viagem.
de qualquer forma, amanhã partimos em mais uma aventura pela gringolândia.
oh yes!

Thursday, November 6, 2008

back to gringoland


embarco na terça, mas estou toda feliz com esta viagem. é que apesar de já ter feito esta meleca desta viagem uma cara de vezes, agora tem um gosto especial. estou indo com A., uma amiga super querida e colega de profissão. só de ter companhia nesta viagem tão longa já fico feliz. mas fico mais feliz ainda de poder compartilhar este porção de coisas que fazem parte da minha vida de lá com alguém daqui.
no mais, tô achando que esta vai ser uma das últimas viagens (senão a última). então o gostinho de despedida dá ainda mais tempero a história toda.
mais detalhes, depois.

Wednesday, November 5, 2008

da coragem de ousar

não sei bem o que dizer pois estou ainda sem palavras e sem acreditar que os americanos não apenas conseguiram eleger o obama, mas que o fizeram com tamanha alegria, esperança e graça. ainda estou muito ressabiada e desconfiada. um medo (normal) do passo ter sido maior que a perna, e de logo ali na frente vir um maluco e acabar com a festa. também sei que o cara é humano e a merda é grande, portanto seu poder de manobra não é essas coisas.
mas o que mais me emociona é o que isso representa, independente do que venha a acontecer depois. ontem os americanos me lembraram porque se orgulham tanto de ser um "país democrático", porque, como bem disse o obama em seu discurso, os eua é um país onde tudo é possível. e eu, que já tinha visto o lado ruim do "tudo é possível" nos eua, que estava lá nas duas eleições do bush, no atentado de 11 de setembro e na declaração da guerra do iraque, agora perdi o melhor da história - a hora em que ela vira e que o lado bom vem à tona. ai como eu queria estar ontem em chicago, minha cidade do coração, pra participar desta festa.
foi uma eleição linda, com milhões de pessoas votando, e votando não apenas num negro e filho de imigrantes, mas votando num sonho de esperança e mudança. e essa esperança e alegria é do povo americano mesmo, indo muito além da pessoa obama.
em tempos de tormenta e crise, nos ensina a história, as opções se restringem e polarizam - ou se parte para o ultraconservadorismo ou se tem a coragem de ousar.
ontem os americanos, depois de muito tempo, tiveram a coragem de ousar.

Monday, November 3, 2008

relatório da obra

agora os indivíduos deram de fazer quebradeira em cima da porta da minha casa!!! isso mesmo - como não bastasse a serra de azulejo aqui na área de trás, parece que a porta da minha casa está sendo posta abaixo.
como eu achei que tava ficando doida, abri a porta de casa e dei de cara com o peão em cima da escada, bem na porta da minha casa. aparentemente o vizinho precisa fazer um canal (que fique bem registrado - EM CIMA DA MINHA PORTA!!!) pra eletricidade dele passar.
sinceramente, não gosto de ficar de arenga com vizinho, mas o cara podia pelo menos dar uma palavrinha comigo, pedir licença, sei lá. um pouquinho de educação ajuda nas piores situações.
ao invés disso, ele ainda botou os peões pra aumentarem o muro que divide nossas áreas e nem falou comigo. a peãozada invadiu minha área, aumentou o muro e ninguém nem veio falar comigo.
não que eu não tenha achado bom. realmente essa área é meio defasada demais. mas, outra vez, um pouquinho de educação, só um pouquinho, não faz mal a ninguém...

recebi por email

é bom ter amigos que me entendem...

"Naturalmente tem dias em que o coração está anuviado: nem dias: durante um só dia tudo fica claro e tudo fica escuro e de novo tudo claro.
O que é preciso é não ir demais contra a onda. A gente faz como quando toma banho de mar: procura subir e descer com a onda. Isso é uma forma de lutar: esperar, ter paciência, perdoar, amar os outros. E cada dia aperfeiçoar o dia." (carta de 12 de maio de 1946, de Berna para o Brasil)

estado de graça - clarice lispector

"Quem já conheceu o estado de graça reconhecerá o que vou dizer. Não me refiro à inspiração, que é uma graça especial que tantas vezes acontece aos que lidam com arte.
O estado de graça de que falo não é usado para nada. É como se viesse apenas para que se soubesse que realmente se existe. Nesse estado, além da tranqüila felicidade que se irradia de pessoas e coisas, há uma lucidez de quem não advinha mais: sem esforço, sabe. Apenas isto: sabe. Não perguntem o quê, porque só posso responder do mesmo modo infantil: sem esforço, sabe-se.
E há uma bem-aventurança física que a nada se compara. O corpo se transforma num dom. E se sente que é um dom porque se está experimentando, numa fonte direta, a dádiva indubitável de existir materialmente.
No estado de graça vê-se às vezes a profunda beleza, antes inatingível, de outra pessoa. Tudo, aliás, ganha uma espécie de nimbo que não é imaginário: vem do esplendor da irradiação quase matemática das coisas e das pessoas. Passa-se a sentir que tudo o que existe - pessoa ou coisa - respira e exala uma espécie de finíssimo resplendor de energia. A verdade do mundo é impalpável.
Não é nem de longe o que mal imagino deva ser o estado de graça dos santos. Esse estado jamais conheci e nem sequer consigo adivinhá-lo. É apenas o estado de graça de uma pessoa comum que de súbito se torna totalmente real porque é comum e humana e reconhecível.
As descobertas nesse estado são indizíveis e incomunicáveis. É por isso que, em estado de graça, mantenho-me sentada, quieta, silenciosa. É como numa anunciação. Não sendo porém precedida pelos anjos que, suponho, antecedem o estado de graça dos santos, é como se o anjo da vida viesse me anunciar o mundo.
Depois, lentamente, se sai. Não como se estivesse estado em transe - não há nenhum transe -, sai-se devagar, com um suspiro de quem teve o mundo como este é. Também já é um suspiro de saudade. Pois tendo experimentado ganhar um corpo e uma alma e a terra, quer-se mais e mais. Inútil querer: só vem quando quer e espontaneamente.
Não sei por quê, mas acho que os animais entram com mais freqüência na graça de existir do que os humanos. Só que eles não sabem, e os humanos percebem. Os humanos têm obstáculos que não dificultam a vida dos animais, como raciocínio, lógica, compreensão. Enquanto que os animais têm a esplendidez daquilo que é direto e se dirige direto.
Deus sabe o que faz: acho que está certo o estado de graça não nos ser dado freqüentemente. Se fosse, talvez passássemos definitivamente para o outro lado da vida, que também é real, mas ninguém nos entenderia jamais. Perderíamos a linguagem em comum.
Também é bom que não venha tantas vezes quanto eu queria. Porque eu poderia me habituar à felicidade - esqueci de dizer que em estado de graça se é muito feliz. Habituar-se à felicidade seria um perigo. Ficaríamos mais egoístas, porque as pessoas felizes o são, menos sensíveis à dor humana, não sentiríamos a necessidade de procurar ajudar os que precisam - tudo por termos na graça a compreensão e o resumo da vida.
Não, mesmo se dependesse de mim, eu não quereria ter com muita freqüência o estado de graça. Seria como cair num vício, iria me atrair como um vício, eu me tornaria contemplativa como os fumadores de ópio. E, se aparecesse mais a miúdo, tenho certeza de que eu abusaria: passaria a querer viver pemanentemente em graça. E isto representaria uma fuga imperdoável ao destino simplesmente humano, que é feito de luta e sofrimento e perplexidade e alegrias menores.
Também é bom que o estado de graça demore pouco. Se durasse muito, bem sei, eu que conheço minhas ambições quase infantis, eu terminaria tentando entrar nos mistérios da Natureza. No que eu tentasse, aliás, tenho a certeza de que a graça desapareceria. Pois ela é dádiva e, se nada exige, desvaneceria se passássemos a exigir dela uma resposta. E preciso não esquecer que o estado de graça é apenas uma pequena abertura para uma terra que é uma espécie de calmo paraíso, mas não é a entrada nele, nem dá o direito de se comer dos frutos de seus pomares.
Sai-se do estado de graça com o rosto liso, os olhos abertos e pensativos e, embora não se tenha sorrido, é como se o corpo todo viesse de um sorriso suave. E sai-se melhor criatura do que se entrou. Experimentou-se alguma coisa que parece redimir a condição humana, embora ao mesmo tempo fiquem acentuados os estreitos limites dessa condição. E exatamente porque depois da graça a condição humana se revela na sua pobreza implorante, aprende-se a amar mais, a perdoar mais, a esperar mais. Passa-se a ter uma espécie de confiança no sofrimento e em seu caminhos tantas vezes intoleráveis.
Há dias que são tão áridos e desérticos que eu daria anos de minha vida em troca de uns minutos de graça."
(em A descoberta do mundo, página 90-91)