Monday, December 17, 2007

presente

se tem uma coisa que eu odeio nesta vida é fazer compras de natal. ou melhor, fazer compras. não agüento quando eu entro na loja, pula um vendedor em cima de mim e gruda. pergunta se eu tô procurando algum presente, se eu preciso de ajuda, etc, etc. os piores são os que, mesmo eu dizendo que só tô olhando, ficam ali do lado, me secando. fico tão incomodada com isso que saio logo da loja.
é que gosto de ficar pensando bastante antes de comprar qualquer coisa. tem uma porção de perguntas - se quero aquilo; se preciso mesmo; se dá pra pagar; se eu vou usar mesmo; quando eu vou usar; com quê roupa; em quê situação; se tá confortável; se a cor é da minha palheta; etc, etc.
e se for presente então, é pior ainda. pois a pior coisa do mundo é ter que comprar presente pra alguém. veja bem, digo "ter que" comprar presente, pois eu adoro comprar presente quando acho a coisa certa pra pessoa que eu amo. e eu sou meio doida mesmo - quanto mais eu amo, mais eu vou dando presente. e não é porque quero comprar afeto ou coisa assim. porque muitas vezes são os presentes mais bestas. uma vez comprei um chicletinho prum namorado. porque achei bonitinho. e achei que ia ficar mais bonitinho ainda embrulhado, dentro de uma caixa com mais uma porção de besteirinhas do gênero. outra vez dei pro mesmo namorado uma sacolinha cheia de coisa que peguei em lanchonetes, restaurantes e cafés - açúcar, catchup, mostarda, geléia, garfo de plástico, sal, pimenta, adoçante, manteiga, etc, etc. era nos estados unidos e eu achei graça de tanta coisa que a pessoa podia ir pegando, à vontade, nos lugares (na verdade achei graça e achei triste, ao mesmo tempo). no meio disso tudo enfiei um charuto cubano, que ele gostava de fumar charuto, e um imã de geladeira do elvis presley. porque afinal o elvis não morreu.
o fato é que acabo comprando uma porção de presentes pra quem eu amo porque vou lembrando das pessoas quando vejo certas coisas. então se é uma pessoa que eu ando pensando muito, daí já viu, né?
mas se eu "tenho que", daí eu travo. não acho nada. é tudo caro. tudo sem graça. sem vida.
esse é o problema das compras de natal. vira tudo uma obrigação infernal.
e nesse natal eu tô pior. pois caí de pára-quedas no natal, voltando de uma viagem no tempo e no espaço. tava lá na terra miguelita, lendo e aprendendo sobre reis e rainhas, mouros e quixotes.
claro, cheguei aqui sem o menor clima pra coisa nenhuma. ano passado eu ainda me animei de fazer os presentes. isso sim, eu curto demais. mas este ano, só de pensar em entrar no deserto do saara, com seu mar de gente e calor infernal, pra catar os materiais, já desanimei.
este ano não quero comprar e nem fazer nada. quero é descansar e tomar fôlego pra escrever a tese.
então tomei duas importantes decisões:
1- já que, por alguma matemática louca, tem um dinheirinho sobrando depois desta viagem enorme, resolvi que não vou comprar presente pra ninguém. vou é ajudar quem tem dinheirinho faltando. já pensei nuns jeitos e tô colocando em prática. as pessoas para quem eu costumo dar presente vão ganhar presente quando tiver presente pra eu dar pra elas. e não porque eu "tenho que".
2- já que pra criança não tem jeito, tem que comprar presente mesmo, resolvi que a criançada toda vai ganhar livro neste natal. nada de brinquedo. chega de entupi-los com brinquedos. então é só ir na livraria e comprar logo tudo de uma vez.
e resolvido o assunto.

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