conheci um bunitinho que fala lacanês. apesar de eu mesma não falar esta língua, acho bacana ele falando destas coisas de falta e castração e patati-patatá.
então ando com estas coisas na cabeça. de vez em quando lembro da minha falta, da falta de fulano, de cicrano, enfim, da falta da torcida raça fla.
mas nada, nada nem ninguém, se compara a A., a tal da gringa que está aqui em casa. eu já sabia que ela era carente, mas só a convivência pode nos mostrar o grau de birutice das pessoas. e a dela não tem tamanho.
eu já sabia por exemplo, que ela tinha esta coisa de querer aprovação o tempo inteiro, de querer que os outros estejam o tempo todo elogiando ela, falando o quão incrível ela é e coisa e tal. mas ontem eu tive uma provinha de até onde pode chegar o descaralhamento da figura.
fomos a casa da comadre, tomamos uns vinhozinhos e a gringa resolveu dar defeito na saída, já na rua. começou dizendo que tava se achando feia. eu que tava cansada, com a garganta meio ruim e doida pra ir pra casa, só consegui dizer - que nada, deixa disso. não tive saco nem energia pra dizer mais do que isso. afinal, tudo o que eu tenho feito nos últimos dias é carregar esta gringa pra cima e pra baixo, bater papo, consolar (o namorado acabou de acabar com ela por email), elogiar ela, o cabelo dela, dizer que ela não tá gorda não, que a foto ficou linda sim. mas tem uma hora que cansa, né?
só sei que isso virou uma discussão sobre como as pessoas não se importam realmente com ela, não tentam realmente entendê-la, como só o que ela queria no momento é que eu dissesse que ela é bonita e pronto, e patati-patatá. e esta meleca desta DR foi indo até as 3 da matina! sendo que saímos da casa da comadre as 11 da noite.
puta-que-o-pariu! tinha hora que eu pensava assim - não tô acreditando que eu tô tendo este papo tão cabeça por conta de uma besteira destas!
mas a conversa foi avançando e eu, que não falo lacanês mas pareço ter talento pro ofício, fui desconstruindo né? acho que a cachaça no sangue dela foi passando também e ela começou a se dar conta dos absurdos que tava dizendo. então finalmente ela foi se tocando que o buraco é bem mais embaixo. só sei que no final das contas me pediu mil desculpas e conseguimos conversar um pouco do iceberg que rola embaixo disso tudo.
mas sinceramente? não quero e nem tô sendo paga pra isso, tava exausta e bem sei que não tem DR que dê conta da falta dela. nem da minha.
de modo que eu tô doida que ela vá embora pra minha falta poder descansar, ir passear e tomar um pouco de ar puro.
a benção, seu Lacan.
Saturday, September 27, 2008
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